segunda-feira, 23 de junho de 2008

Um Falcão que brilha na Cidade do Galo




Nada mais que um evento. Apenas uma cobertura, ou, uma pauta interessante.

Participar da semana da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa do Mundo deveria ser encarado com naturalidade.

Estavam todos ali. Com camisa amarela e tudo mais. Cercados por câmeras, fones, fios e ansiedade - jogadores e jornalistas faziam um aquecimento do verdadeiro e grande jogo contra os rivais argentinos. Perguntas certeiras respondidas com sutileza. Questionamentos ásperos não respondidos. Adjetivações pouco inocentes acompanhadas de agradecimentos pouco ingênuos. A notícia saía dos poros. Estava em todos os lados. Sendo feita, produzida, batalhada. Tudo o que fosse visto e ouvido (e até o que não era visto e nem ouvido) poderia virar notícia. Poderia dar primeira página.



Três dias de Brasil em Belo Horizonte



Vários técnicos e jornalistas chegaram ainda pela madrugada. A Cidade do Galo, concentração do Clube Atlético Mineiro parecia estar preparada para receber a seleção brasileira e tudo o que gira em torno dela. Algumas emissoras de televisão armaram tendas para transmissão dos programas ao vivo. A Polícia Militar se fazia presente com 200 homens. O circo estava montado.



Coletiva concorrida



No início da tarde, o técnico Dunga reuniu a imprensa para uma acotovelada coletiva. Pouca coisa, além de um clima pouco amistoso, pode ser captado das palavras do treinador. A expectativa se voltou para o treino da tarde. Os juniores do Atlético, que já haviam treinado pela manhã, serviriam de sparring para os reservas da seleção. Adriano, Pato, Anderson e outros consagrados jogadores enfrentariam meninos de 17 ou 18 anos. Currículum deles? Não! Ninguém sabia falar nada sobre os garotos. Apenas funcionários do Atlético destacavam Danilo, Rafael, Leandro e Chiquinho como jogadores bons para um futuro próximo. O que não foi visto por ninguém foi um certo brilho nos olhos. Característica daqueles que enfrentam a vida e que desejam muito dela.



Reservas x Juniores



A seleção brasileira pôs em campo um time reserva e milionário. Repleto de jogadores acostumados às disputas pela Europa e pelo resto do mundo. Do outro lado apenas 11 coadjuvantes. Até que aproveitando uma cobrança de escanteio e uma bola ajeitada o chute dentro da pequena área, o baiano que mora há cinco anos em Belo Horizonte, Leandro Falcão bateu de perna esquerda e fez aquele seria o único gol do treinamento.



O que é que o Leandro Falcão tem



Já estava excitante jogar contra a seleção brasileira. Marcar Adriano e Pato era quase um sonho. Parar o ataque perigoso e ainda marcar o único gol contra a seleção brasileira para um batalhão de jornalistas simplesmente tirou o fôlego do rapaz. Cercado, logo após o jogo-treino, Leandro Falcão foi cumprimentado pelos colegas de time e pelos adversários Anderson, Pato e Adriano. A felicidade era tanta que ao ser perguntado pelos jornalistas o que representava aquele momento para ele, Leandro falava palavras quase inaudíveis. Palavras que saíam do fundo da alma de um jovem que naquele dia estava feliz.