sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

ROGÉRIO, MURICY, HERNANES...

Assim que terminou o Brasileiro de 2003 todos, mais que depressa, apontaram Wanderley Luxemburgo e Alex como os símbolos da conquista cruzeirense. Um ano depois Luxemburgo brilhou de novo, no Santos. 2005 foi o ano de Teves e Nilmar. Muitos ainda apontaram a misteriosa MSI como a responsável pelo título do Timão. Em 2006 entrou em cena uma outra situação. Os personagens isolados e os heróis deram espaço ao coletivo. A estrutura sai do papel e passa a definir as partidas. O São Paulo está inserido no mesmo contexto dos demais clubes, entretanto, encara o futebol de forma bem diferente dos outros. O tricolor falha, erra, contrata e vende, contudo, a contabilidade final apresenta títulos e maior apoio dos patrocinadores para um novo ano – que pode ser de vitórias e mais patrocínios. Aponte um nome para identificar as conquistas? Rogério? Não seria injustiça com o Muricy? Apontar um único nome é elevar a chance de erro. A filosofia profissional do São Paulo é a grande resposta para os muitos questionamentos. A estrutura que dá liberdade ao Milton Cruz para aprovar uma contratação. A filosofia que mantém um treinador mesmo após perder a Libertadores. A mesma filosofia que segura um goleiro por tanto tempo e faz dele um ícone para as novas contratações e para os meninos formados no clube. A estrutura que permite ir ao mercado e buscar Joílson e Juninho que haviam se destacado no Botafogo. Éder Luis que se destacara no Atlético, Anderson que estava na França, etc. Quando se fala que o São Paulo foi o campeão não é para os clubes torcerem o nariz. É para copiarem o que pode ser copiado. É para adaptarem a filosofia e para caminharem em busca da estrutura. O tricolor é o que é por ler o que assina. Por pensar antes de falar. Por tratar com zelo o patrimônio. É claro que existem erros. Entretanto, os acertos ganham com folga.
HERNANES
O meio-campista Hernanes é o que chamamos de jogador diferenciado. Como volante ele é eficiente. Rouba a bola, destrói as jogadas do adversário e se transforma em um meia. Como meia ele é igualmente eficiente. Parte em direção ao gol. Tem passadas largas e boa visão periférica. Perto da área ele bate forte e bem colocado. Hernanes não pode ser encaixado em uma única posição. Ele é versátil. Sem perder de vista a marcação, o volante/meia tem uma movimentação inteligente. Você já percebeu o tanto de vezes que a bola sobra para ele? Alguns diriam que é sorte, outros sabem que é fruto de treinamento e visão privilegiada de jogo. Ele está no lugar certo e na hora certa. Entretanto, Hernanes pode ser colocado como o grande responsável por mais título brasileiro? Não! Hernanes teve que se ausentar por um bom período, para servir à seleção brasileira nas Olimpíadas. Ele foi muito importante. Foi essencial. Ele, Rogério, Borges, Jean, Dagoberto, Hugo, André Dias, Miranda, Jorge Wagner, Zé Luis e todos os outros foram também essenciais. Mais do que em outros tempos o São Paulo foi campeão e não um grupo de jogadores foi campeão.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

SELEÇÃO DO CAMPEONATO

Recebi a cédula para eleição da seleção do campeonato. Já encaminhei.
Se errei, azar. Já mandei!
Lá vai:
Victor – Grê
Vitor – Go
André Dias – SP
Miranda – SP
Leandro – Pal
Marquinhos Paraná – Cru
Hernanes – SP
Ramires – Cru
Alex – Int
Guilherme – Cru
Kleber Pereira – San

O craque foi Hernanes. A revelação foi Keirrison, Coxa Branca.
O técnico foi Muricy e o árbitro foi o Gaciba.

Ficou bom? Ficou péssima? Ta bom! Regular!

O FANTASMA DA LARANJA






Os amantes do futebol são gratos ao Amsterdamsche Football Club Ajax. Quem viu Cruyff jogar ou leu sobre o Carrossel Holandês não consegue esquecer do que foi o Ajax.
Fundado em 1900, o grande holandês se tornou conhecido em todo o mundo nos anos 70. Com Cruyff e Neeskens o Ajax conquistou a Liga dos Campeões de 71, 72 e 73. Com a força e a técnica daquele time o mundo conheceu a “Laranja Mecânica”, apelido da seleção holandesa que foi vice do mundo em 74 e 78. O tempo foi implacável para o Ajax. As faltas de renovação e de uma administração visionária ofuscaram o intenso brilho do clube holandês. O clube não disputa a Liga dos Campeões e tem imensas dificuldades de montar um elenco competitivo. Na disputa do campeonato holandês o Ajax até que responde bem, entretanto, há muito que o time não se encontra nos torneios internacionais.
O próprio futebol holandês tem passado dificuldades. Os fantasmas da técnica fora do comum e da arrumação tática do carrossel assustam e inibem jogadores medianos. Além disso, a Holanda sofre com a saída de jovens promessas e vê, a cada dia, seus futuros craques saírem cedo para a Inglaterra, Espanha ou Itália.
O desafio de lá é parecido com o de cá. A diferença é que o Brasil é quase um continente que respira futebol todos os dias. A desorganização aqui é maior. A fuga de jogadores é imensa, no entanto, o contexto e a tradição estão do nosso lado. Para os da Laranja Mecânica a tarefa é mais árdua. Conviver com a fama de que dão espetáculo e não ganham nada pode gerar frustração e ver dia após dias jogadores medianos atuando em outros mercados traz a certeza de que é preciso repensar o modelo.
A rigidez do modo que se vive futebol na Holanda deve ser destacada. Vários clubes colocam no estatuto o modo tático a ser seguido. A própria seleção, jogando bem ou mal, sofre com as comparações com o mundo de sonhos de Cruyff e companhia, na década de 70. É difícil, contudo, é inegável. Aquela laranja já morreu! É necessário plantar outra, talvez, bem diferente da antiga. Conviver com o sucesso do passado é bom, mas, transformar o sucesso em fantasma é um terror!

EM BUSCA DO CULPADO

A derrota do Cruzeiro para o Náutico serviu de munição pesada para os perseguidores do técnico Adilson Batista. Ele, que nunca foi unanimidade, é considerado o culpado de tudo. Choveu? Culpa do Adilson. Fez sol? Olha o Adilson errando de novo. Não acho certo e nem coerente apontar o treinador como o grande culpado. Concordo que ele também tem erros. Entretanto, vale uma reflexão: se ele fosse tão fraco assim o Cruzeiro estaria na posição em que está? O elenco do Cruzeiro é tão qualificado assim?
Relembrando, ou, contextualizando – O técnico escolhido para o ano de 2008 foi Mano Menezes. A diretoria chegou a almoçar com ele e fazer a proposta. No jantar, o Corinthians levou. Com a frustração de negativa do atual técnico campeão da série B, Adilson foi o escolhido. Chegou tendo de provar que tinha condições de fazer um bom trabalho. Uma característica ficou evidente, Adilson é muito trabalhador. Foi morar na Toca e dava conta de tudo o que ocorria. As indicações do treinador eram sempre questionadas. O discreto e eficiente Marquinhos Paraná sofreu. Boa parte da imprensa pedia Apodi e a torcida chegou a vaiar Marquinhos improvisado no setor da direita. O treinador tentava explicar que Paraná era o jogador de confiança, que jogava em qualquer setor. Pouco adiantou, Marquinhos teve que provar em campo. Contra tudo e contra todos, a favor do treinador e do Cruzeiro.
O Mineiro foi conquistado com folga. A Libertadores não! O Cruzeiro caiu contra o Boca. Acho que faltou tato no episódio Leandro Domingues. No entanto, o grande culpado foi o jogador, que saiu e não conseguiu jogar no Vitória. Marcelo Moreno foi embora e ninguém se lembra o que ele rendeu financeiramente ao clube. Rendeu por ter sido escalado pelo treinador. Não custa lembrar que ano passado Marcelo jogou muito pouco, praticamente não era escalado. Poucos vão se lembrar também que Adilson percebeu que o time deveria aproveitar a versatilidade de Charles, Ramires, Fabrício e Paraná. Ano passado o time penou com dois volantes e dois meias, quase não se classificou para a Libertadores. O treinador usou e abusou de colocar três volantes para jogar, o jogo fluiu e se acertou.
No jogo dos Aflitos entendo que o time teria que surpreender o Náutico. Sufocar nos minutos iniciais, marcar a saída de bola. Não! O Cruzeiro não conseguiu. Entre falhas individuais e coletivas o time azul tomou cinco e deu adeus ao título. Reflita: Jonathan é craque? Thiago Heleno? Fernandinho? Léo Fortunato? Marquinhos Paraná? Henrique? Camilo é irresistível? E os reservas? Gerson Magrão, Weldon, Reinaldo Alagoano, Wanderlei, Carlinhos, Bruno, Jajá. Amigo, o elenco é fraco! Adilson tirou leite de pedra. Fez e tem feito um bom trabalho. Não citei Ramires, Wagner, Thiago Ribeiro, Fábio e Guilherme. Excetuando o goleiro todos são muito jovens. Pergunta para não ser respondida: quanto seria o placar do jogo entre Cruzeiro de 2003 x Cruzeiro de hoje. A culpa é do Adilson? Não seria mais honesto falar que a culpa é da direção do clube?

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

PÕE NA CONTA




Lembrar do atual momento político e administrativo do Galo só valoriza, ainda mais, a bela vitória no Rio. Não dá para jogar para debaixo do tapete a questão do salário atrasado, a falta de presidente e tudo mais. As situações negativas, sem dúvida, serviram para mobilizar o time ainda mais. O crédito deve ser dado ao comando técnico - Marcelo Oliveira e André Figueiredo. Técnico e auxiliar. Os dois conhecem cada centímetro da Cidade do Galo e conhecem cada jogador que por ali joga. Sabem em quem confiar e conhecem o momento do Galo. Renan Oliveira jogou demais. Serginho idem. Márcio Araújo com nobreza no meio de campo e a defesa firme, Castillo desencantou, tudo apenas compõem cenário. Marcelo tem sido o grande responsável por alguns suspiros de bom futebol. Além do mais, o treinador está valorizando o elenco. Quanto valia o Renan Oliveira? Quanto vale hoje? E o Serginho? Marcelo resgatou Leandro Almeida, e ele, vale quanto?
Taticamente o time quebrou uma tradição alvinegra – usou linha de quatro. Sheslon quase não passou do meio de campo e, ao lado dele estavam Leandro Almeida, Marcos e César Prates. O time estava acertado e Serginho marcava e saía com facilidade. Os volantes, aliás, têm sido a cara do time. O Galo jogou muito tempo em velocidade e hoje joga com condução de bola através dos volantes. Serginho, Márcio Araújo e Elton apresentam qualidade para sair para o jogo. A partir de um jogo já podemos falar que o Galo está bem? Não! O time é jovem e não tem a maturidade necessária para afirmarmos nada.

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

COMO A CRISE POLÍTICA AFETOU OS JOGADORES DO GALO




Existem jogadores de futebol e jogadores de futebol.
No Mineirão, depois do jogo entre Atlético e Náutico, duas opiniões de jogadores chamaram minha atenção. Marques, tradicional e ligado às coisas do Galo, mostrou todo o alívio com o resultado de vitória e da paz que os três pontos trazem à política do clube. Marques, que é um dos maiores artilheiros da história centenária, sabe que o Atlético está mergulhado em mais um conflito político. Ele tem consciência de quanto o momento é decisivo para o futuro próximo do Atlético. As palavras foram poucas, entretanto, fortes e marcantes. O xodó, como ele é conhecido, disse que sabe o que ele representa para o grupo, sabe que acaba blindando os outros jogadores. Consciente! Pena que não tenha a mesma ligeireza nas pernas. Ligeiro é o Serginho. O atual volante de marcação e saída pela esquerda, é conhecido como flecha. Voa com a bola. Fez um golaço contra o Atlético Paranaense, no Mineirão. Se com as pernas ele mostra muita velocidade e algum brilhantismo, na organização das palavras Serginho se mostrou um tanto quanto desatento ou alienado. Perguntado sobre a saída do presidente Ziza Valadares na última semana, Serginho soltou uma pérola: “perdemos um grande profissional, mas, ele vai se dar bem em um outro grande clube.” O jovem jogador nunca deve ter vivido um momento político tão tumultuado, no entanto, esperar ver o presidente Ziza “brilhando” em outro clube...
É certo que a cabeça do Marques deve estar mais quente, ele sabe e bem o que está ocorrendo, já o Serginho deve estar tranqüilo descansando. Dentro de alguns dias ele vai soltar outra pérola e vai acabar perguntando: “Onde está aquele senhor de bigode que vinha sempre aqui?”.

DUPLA DE TRÊS




Thiago Ribeiro chegou e em apenas dois jogos já mostrou um bom serviço. Contra o Palmeiras Thiago jogou bem, se movimentou, bateu para o gol e deixou uma impressão muito positiva. No segundo jogo, contra o Figueirense, Thiago novamente esteve bem. Fez gol, participou de outros e entrosou bem com Guilherme.
Guilherme e Thiago. Não é dupla sertaneja, é dupla de ataque. Os dois têm características semelhantes. Muita movimentação, jogam na direção do gol, são objetivos e jovens. Todas as defesas adversárias vão se mobilizar para impedir o melhor futebol da dupla. Bem marcados, chamando a atenção da zagueirada e de volantes “caçadores” é certo que Wagner deverá ter mais espaço para jogar. Quer dizer então que a dupla é de três? Sim! Thiago Ribeiro e Guilherme na frente chamando a atenção da marcação e Wagner vindo com a bola dominada... Dá até para sonhar com dias melhores.

VERMELHO X AZUL





As primeiras rodadas do campeonato inglês, a Premier League, bastaram para recomeçar a discussão mais freqüente sobre o futebol praticado na terra da rainha. Quem é melhor, Gerrard ou Lampard? Quem é mais decisivo? Acho muito difícil definir quem é melhor que o outro. Os dois são ótimos. As opiniões são “embasadas” na paixão. Os torcedores do Liverpool acham Gerrard o melhor. Lampard é o preferido dos azuis. Os dois são grandes jogadores e referências para os clubes. Para dificultar as coisas e acirrar a rivalidade, os dois usam a camisa 8 e exercem funções semelhantes. Atualmente o meio de campo do Chelsea permite que Frank Lampard divida responsabilidades e continue brilhando. O time tem vários jogadores decisivos e Lampard fica até ofuscado, no entanto, não é necessário ser um grande observador para ver o quanto ele é importante e técnico.
O Liverpool gira em torno de Steven Gerrard. Ele é o chefe, líder, capitão, referência e craque do time. Gerrard e Torres são os decisivos da equipe e se ele sumir do jogo o time vai sofrer. A bola não chegará com qualidade ao ataque. Hoje, até pelos investimentos dos dois clubes, Gerrard é mais importante, mais decisivo. Frank Lampard tem parceiros que dividem o peso da criação e até do combate defensivo.
Afinal de contas, quem é melhor? Não existe um aparelho para medir as qualidades de cada um. Se eu fosse o Fábio Capello, italiano técnico da seleção da Inglaterra, faria o time jogar para eles. Explorar a leveza e a técnica de Lampard e a liderança e capacidade de decisão de Gerrard seria minha obsessão. Sonharia com a visão de jogo de Lampard e incentivaria a bola longa de Gerrard. Falaria ao mundo que tenho dois volantes que são ótimos meias e dois meias que se tornam maravilhosos volantes. Exatamente por isso a velha pergunta volta anos após ano e fica sem uma resposta definitiva.
Os dois são ótimos!

TRADIÇÃO, DINHEIRO E BOM FUTEBOL

Começa no dia 16 de setembro e termina no dia 27 de maio. A Liga dos Campeões é um mega-evento do futebol internacional e os maiores craques do futebol mundial lutam pela principal taça da Europa.
A primeira edição foi em 1955, o Real Madri ganhou. E, já que ganhou a primeira, levou os títulos consecutivos até 1960. A lenda Gento López é até hoje o maior ganhador de títulos da Liga. Gento foi campeão seis vezes.
Vários campeões não conseguiram classificação para a disputa 2008/2009. A principal ausência é a do hepta campeão, Milan. O Ajax, em má fase, também não se classificou. Inglaterra, Espanha e Itália colocaram quatro equipes na disputa. Decepcionante é a participação dos alemães, apenas Bayern e Werder Bremen estão na luta.
E quem são os favoritos? Quais as principais estrelas? Se fosse para responder de bate-pronto apontaria os ingleses Liverpool, Chelsea e Manchester. Depois a Inter. Acho que o campeão está na nessa lista.
Os craques? Cristiano Ronaldo vai demorar a estrear. A contusão do português pode atrapalhar o atual campeão, no entanto, o Manchester vai seguir na competição e Ronaldo poderá jogar na fase decisiva. Tevez é um dos atacantes dos Red Devils. O mestre Gerrard é o líder, maestro e craque do Liverpool. Para completar as jogadas dele, o Liverpool conta com Niño Torres. A força do Chelsea vem do comando de Luiz Felipe Scolari. Em campo Lampard, Joe Cole e Drogba terão Deco na armação das jogadas. A Inter trouxe o técnico português José Mourinho. O sueco Ibrahimovic continua por lá e os brasileiros Mancini e Adriano disputam uma posição no ataque.
Um brasileiro vai fazer história em Chipre. Sávio é a contratação de impacto do novato Anorthosis Famagusta. Na Liga desfilarão Totti, Diego, Frings, Henry, Xavi, Eto’o, Aguero, Forlan, Ben Arfa, Gilardino, Juninho, Fred, Van Persie, Alex, Nistelrooy... é muito jogador bom para um torneio só!
Confira os grupos da Liga
Grupo A
Cluj (Romênia), Chelsea, Bordeaux e Roma
Grupo B
Anorthosis Famagusta (Chipre), Panathinaikos (Grécia), Inter e Werder Bremen
Grupo C
Basel (Suíça), Barcelona, Sporting Lisboa e Shakhtar Donetsk (Ucrânia) e Barcelona
Grupo D
Atlético de Madri, Liverpool, Olympique de Marselha e PSV
Grupo E
Aalborg (Dinamarca), Celtic (Escócia), Manchester United e Villareal
Grupo F
Fiorentina, Steaua Bucareste (Romênia), Lyon e Bayern
Grupo G
Arsenal, Dynamo Kiev(Ucrânia), Porto e Fenerbahçe
Grupo H
BATE Borisov (Bielo Rússia), Zenit (Rússia), Real Madri e Juventus

FUTEBOL SEM JUÍZO




Ninguém questiona a importância da promoção de um evento. Desde um simples e inocente torneio início até fortes investimentos das televisões para aquisição dos direitos de transmissões dos campeonatos mais importantes do mundo. A promoção faz sentido, faz diferença. Entretanto, para tudo é preciso haver um limite. Oferecer US$ 1 milhão ao melhor batedor de faltas é um excesso. É jogar dinheiro fora. È não entender que vivemos em um mundo de fome. Não tenho pretensão de levantar nenhuma bandeira. Não faço parte de nenhum projeto social. Apenas estou vivo e olho para os lados. Cada um faz com o seu dinheiro o que bem entender (não tenho nada com isso), no entanto, como a promoção do evento foi forte e de impacto me peguei refletindo sobre o que representava aquilo. É importante saber quem é o melhor batedor de faltas do mundo? Para a minha profissão, sim. Contudo, a avaliação deve ser mais ampla. A forma que um batedor vai para a bola aos 2 minutos de jogo é uma, e se ele for bater uma falta, do mesmo lugar, aos 43 do segundo tempo? Como computar a diferença? E a qualidade do piso, do gramado? E o vento? A pressão da torcida? O peso dos três pontos? O adversário provocando? Nenhum dos fatores foi devidamente observado. Qual a conclusão que devo chegar? A promoção morreu nela mesma. Um evento vazio. Um desperdício. Dinheiro jogado fora. Quer piorar? Qual critério para escolher os batedores? E os goleiros? A bola? Ah! Ela era a mesma. Mesma marca, sempre. Que vazio! Que pobreza de espírito! O evento reuniu nos Estados Unidos vários ídolos, como Ronaldinho Gaúcho, Messi, Júlio Baptista, etc. Todos devidamente longe da melhor forma física. Para surpresa de todos e para todos colocaram os pés no chão, o destino se incumbiu de colocar as coisas no indevido lugar. O mexicano Rafa Márquez foi o vencedor. Alguém acredita que Rafa Márquez seja o melhor batedor de faltas do mundo? Ele levou o dinheiro. Que faça bom uso!

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

A PULGA VENCEU

Lionel Messi era apenas um rapaz latino-americano. E mais, ele seria apenas um minúsculo rapaz latino-americano. O talento na prática do futebol mudou a história de vida dele. É muito simplista constatar as qualidades dele como um astro do futebol. Melhor é tentar compreender quais caminhos o futebol transformou.
Não limite seu pensamento ao mau humor e a resignação. Entre na história dele. O muito pequeno rapaz argentino de 14 anos convivia com problemas nos hormônios de crescimento e passava a enfrentar outros desafios. A família não poderia mais pagar o tratamento. Lá, como cá, o sofrimento de nossos filhos é deixado de lado pelas autoridades e o governo não poderia bancar o tratamento. Poderíamos aqui começar um discurso revolucionário... não começaremos! Quem não faria de tudo para aliviar o sofrimento de um jovem talentoso condenado a parar de crescer , e, conseqüentemente, parar de brilhar como um promissor jogador de futebol. A família dele deu ouvidos aos empresários do FC Barcelona. As promessas eram muitas e a maior delas era a de que o pequeno Pulga - apelido de infância por causa do tamanho- teria o tratamento adequado custeado pelo clube. A família, então, passou a ajudar a escrever uma página de muito talento no futebol mundial.
Messi cresceu e cada centímetro dele vale ouro. O talento cresce a cada dia e a legião de admiradores também. No jogo pelas eliminatórias da Copa do Mundo, no Mineirão, a torcida brasileira prestou uma inesperada homenagem. Quando o pequeno Pulga saiu de campo o que se viu foi uma rivalidade histórica dar lugar aos aplausos e gritos de “Messi, Messi”.
Poucos jogadores no futebol mundial têm a mesma intimidade com a bola que Messi mostra ter. Ele brinca com a redonda. Ela aceita o seu chamado. Lionel Messi tem uma jogada fatal. Ele, canhoto de tudo, pega a bola pela direita, e, conduzindo com a perna esquerda, faz uma avançada na diagonal até ser bloqueado com falta, ou, até o gol.
No jogo das Olimpíadas o que se viu foi um sistema de marcação brasileiro preocupado com o talento do craque argentino. Mesmo assim não deu. Afinal de contas ficar livre de uma pulga não é fácil. Agora todos nós sabemos o que a maior Pulga pode fazer. Fomos vítimas do talento.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Um Falcão que brilha na Cidade do Galo




Nada mais que um evento. Apenas uma cobertura, ou, uma pauta interessante.

Participar da semana da seleção brasileira de futebol nas eliminatórias para a Copa do Mundo deveria ser encarado com naturalidade.

Estavam todos ali. Com camisa amarela e tudo mais. Cercados por câmeras, fones, fios e ansiedade - jogadores e jornalistas faziam um aquecimento do verdadeiro e grande jogo contra os rivais argentinos. Perguntas certeiras respondidas com sutileza. Questionamentos ásperos não respondidos. Adjetivações pouco inocentes acompanhadas de agradecimentos pouco ingênuos. A notícia saía dos poros. Estava em todos os lados. Sendo feita, produzida, batalhada. Tudo o que fosse visto e ouvido (e até o que não era visto e nem ouvido) poderia virar notícia. Poderia dar primeira página.



Três dias de Brasil em Belo Horizonte



Vários técnicos e jornalistas chegaram ainda pela madrugada. A Cidade do Galo, concentração do Clube Atlético Mineiro parecia estar preparada para receber a seleção brasileira e tudo o que gira em torno dela. Algumas emissoras de televisão armaram tendas para transmissão dos programas ao vivo. A Polícia Militar se fazia presente com 200 homens. O circo estava montado.



Coletiva concorrida



No início da tarde, o técnico Dunga reuniu a imprensa para uma acotovelada coletiva. Pouca coisa, além de um clima pouco amistoso, pode ser captado das palavras do treinador. A expectativa se voltou para o treino da tarde. Os juniores do Atlético, que já haviam treinado pela manhã, serviriam de sparring para os reservas da seleção. Adriano, Pato, Anderson e outros consagrados jogadores enfrentariam meninos de 17 ou 18 anos. Currículum deles? Não! Ninguém sabia falar nada sobre os garotos. Apenas funcionários do Atlético destacavam Danilo, Rafael, Leandro e Chiquinho como jogadores bons para um futuro próximo. O que não foi visto por ninguém foi um certo brilho nos olhos. Característica daqueles que enfrentam a vida e que desejam muito dela.



Reservas x Juniores



A seleção brasileira pôs em campo um time reserva e milionário. Repleto de jogadores acostumados às disputas pela Europa e pelo resto do mundo. Do outro lado apenas 11 coadjuvantes. Até que aproveitando uma cobrança de escanteio e uma bola ajeitada o chute dentro da pequena área, o baiano que mora há cinco anos em Belo Horizonte, Leandro Falcão bateu de perna esquerda e fez aquele seria o único gol do treinamento.



O que é que o Leandro Falcão tem



Já estava excitante jogar contra a seleção brasileira. Marcar Adriano e Pato era quase um sonho. Parar o ataque perigoso e ainda marcar o único gol contra a seleção brasileira para um batalhão de jornalistas simplesmente tirou o fôlego do rapaz. Cercado, logo após o jogo-treino, Leandro Falcão foi cumprimentado pelos colegas de time e pelos adversários Anderson, Pato e Adriano. A felicidade era tanta que ao ser perguntado pelos jornalistas o que representava aquele momento para ele, Leandro falava palavras quase inaudíveis. Palavras que saíam do fundo da alma de um jovem que naquele dia estava feliz.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Villa Nova: 100 anos de glória em vermelho e branco

Pesquisa. Muita pesquisa. Trabalho. Muito trabalho.
O jornalista Wagner Augusto Álvares de Freitas lançou hoje, 14 de abril, o livro sobre a história do centenário Villa Nova Atlético Clube. Com o lançamento do livro foi dado o pontapé inicial para as comemorações do centésimo aniversário do Leão.
Estive no lançamento do livro. É óbvio que os torcedores e a diretoria gostariam de disputar a fase semifinal do estadual, no entanto, não percebi nenhum clima de choro, e ou, de lamentações. Muitas lembranças de um passado brilhante, forte, vencedor em uma atmosfera de futebol mais romântica que a dos nossos dias. Achei muito interessante o que disse o autor do livro. Wagner destacou que o Villa comemora com muitas dificuldades o aniversário, entretanto, tem motivos para comemorar. É verdade! Dê uma passadinha em Nova Lima, vá a qualquer hora do dia. Você vai observar que de dez camisas de clubes de futebol, pelo menos seis são do Villa. E mais! O Villa faz parte da vida da comunidade. Tem categoria de base e até hoje se mostrou muito digno.
Parabéns!
Sucesso. Muito sucesso.