quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O Camp Nou ficou pequeno

Antes do jogo a expectativa era de uma partida parelha, de um jogo igual.
O reestruturado Real Madrid, até então líder do campeonato e invicto na competição, vinha de uma crescente. Pelo espanhol uma goleada, 5 a 1, aplicada na equipe do Athletic Bilbao; pela Champions outra goleada, 4 a 0 , aplicada em cima do Ajax.
Se o Real vinha de duas goleadas, o Barcelona não fez diferente. Pelo espanhol, 8 a 0 em cima do Almeria; pela Champions, 3 a 0 sobre o Panathinaikos.
Confesso que esperava um grande jogo, mas a goleada foi surpreendente. Não pela vitória do Barça, o time catalão deu mais um show, e sim pela maneira como o Real foi derrotado. Os merengues foram medíocres, apáticos e não conseguiram superar a escola catalã de futebol. No duelo entre duas escolas distintas o Barça deu um show.

O Jogo:

Jogando em casa o Barcelona foi para cima, marcou a saída de bola e anulou as referências do Real. Com a movimentação de Pedro, Villa e Messi, os laterais merengues tiveram que se preocupar com a marcação. Marcelo e Sergio Ramos não apoiaram. No meio, Xabi Alonso e Khedira cuidaram da marcação, mas Xavi e Iniesta exigiam muito mais cuidados e Ozil, assim como os laterais, teve muito com que se preocupar e também não criou. Sem alternativas na saída de bola, restava ao Real apostar em uma antiga alternativa: C. Ronaldo.
O português jogou aberto, primeiro pela direita, nas costa de Abidal. Seguido de perto por Puyol, C.Ronaldo pouco criou.

O Barcelona obrigou o Real Madrid a deixar de lado a recente evolução tática que o time teve após a chegada de Mourinho, baseada na qualidade de um futebol coletivo, e fez com que a equipe madrilista apostasse na individualidade de seus jogadores.
A estratégia deu certo: sem qualidade na saída de bola, C. Ronaldo foi obrigado a buscar o jogo, Puyol anulou o rival e o Real Madrid desmoronou. Na base da técnica e do toque de bola o Barcelona envolveu a defesa adversária e o gol não demorou a sair. Aos nove minutos, Xavi recebeu passe de Iniesta e teve o trabalho apenas de desviar de Casillas. Barça 1 a 0.

O Real tentou sair para o jogo, mas sua única alternativa era C. Ronaldo, anulado por Puyol. Seus companheiros de ataque – Di Maria e Benzema – não viam a cor da bola.
Quem sabia a cor da bola eram os meias do Barça. Xavi e Iniesta dominaram o meio e a movimentação constante de Messi, Villa e Pedro abria espaços na defesa adversária.
Aos 17 minutos veio o segundo gol: Xavi enxergou Villa aberto pela esquerda, Villa bateu cruzado, Casillas não segurou e Pedro concluiu; Barcelona 2 a 0.
Até os 30 minutos de jogo o Barça dominou a partida. A partir daí, o Real Madrid perdeu a cabeça e começou a “tirar casquinhas” dos adversários em todos os lances. Em um arremesso lateral sobrou até para o técnico Guardiola. O clima esquentou e o jogo ficou perigoso.

Segundo tempo:

Procurando diminuir a vantagem catalã no placar, Mourinho mexeu na equipe. Ozil deu lugar a Diarra e a alteração não funcionou.
O Meio de campo continuou sendo de Busquets, Xavi e Iniesta.
Armadilhas: no início de jogo o Barcelona anulou a saída de bola do Real, obrigou o time merengue a apostar nas jogadas de C. Ronaldo que, muito bem acompanhado por Puyol, nada criou. Na segunda etapa, para não ser encurralado em seu campo de defesa o Real Madrid adiantou sua linha defensiva, o Barcelona aproveitou os espaços e Messi, com duas enfiadas de bola, deu dois gols para Villa. Em dois lances muito parecidos, aos 10 e aos 13 minutos, o argentino deixou Villa na cara do gol para definir a partida. Barça 4 a 0.

Se com a desvantagem de dois gols no placar o Real Madrid estava perdido em campo, com quatro gols o time merengue desmoronou de vez. Com o jogo na mão, e quatro gols de vantagem no placar, é natural que a equipe em vantagem diminua o ritmo de jogo, mas o sobrenatural Barcelona queria mais. O time continuou pressionando e na base do toque de bola envolvia a equipe adversária.
O Real Madrid perdeu a cabeça, continuou tirando suas casquinhas e Sergio Ramos foi expulso de campo. Para encerrar, o jovem Jeffren, aos 45 minutos marcou o quinto gol catalão no jogo. Placar final: Barcelona 5, Real Madrid 0.


No duelo entre duas escolas distintas, prevaleceu a catalã. Enquanto o time do Barcelona valoriza as categorias de base, o Real aposta em grandes contratações. Duas filosofias completamente diferentes, mas confesso que dentro de campo não esperava que a diferença fosse tão grande, para o bem do futebol deu Barça. Costumo comparar a equipe do Real Madrid a um menino mimado, aquele que os pais têm condições de comprar todos os brinquedos do mundo, mas o menino tem tantos brinquedos e não sabe brincar com nenhum. O resultado fortalece a seguinte frase: Um time campeão não se compra, se constrói.

Colaboração: Vander Ribeiro

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