quinta-feira, 8 de julho de 2010

Um pouco mais de Espanha e Holanda

A coluna de O Tempo tem um espaço. Não posso passar do limite dos caractéres, com isso, muita ideia fica apenas na cabeça. Como é final de Copa do Mundo, deixo aos leitores do blog um pouco mais da minha visão dos times.

Estilos em confronto

Está chegando o grande dia da final da Copa do Mundo.
Holanda e Nova Zelândia são as únicas seleções que não perderam na Copa.
Mais que isso! A Holanda venceu todos os jogos das Eliminatórias e da Copa do Mundo. É necessário tirar da memória o estilo da Holanda vice de 74 e 78.
A seleção de Sneijder e cia é totalmente diferente da sublime Holanda de Cruyff em 74e da vice, na Argentina com Rene e Willy van de Kerkhof e Rensenbrink, em 78.
Sneijder é um talento acima da média e Robben também joga um futebol de sonhos.
Kuyt dá o tom da luta, do trabalho e corre o campo todo. Volta para marcar e se apresenta o tempo todo como opção.
A Holanda faz um jogo que precisa de Sneijder bem.
Quando ele recebe a bola tudo é diferente.
Os homens abertos pelas pontas são também uma notícia boa para o mundo da bola. O artilheiro holandês é preciso no passe curto e médio.
Quando bem vigiado, Sneijder recua e pode jogar perto do último volante. Da intermediária, ele pode provocar o jogo de lançamentos – que é apropriado para os velocistas do elenco: Kuyt, Babel e Elia.
Van der Vaart pode aparecer no jogo, entretanto, é difícil imaginar Marwijk abrindo mão da força de marcação de Kuyt.
O treinador faz parte da escola de bons treinadores holandeses.
Não são poucos e estão espalhados pelo mundo.
A seleção da Austrália parece ter olhos fitos nos técnicos holandeses. Na Copa de 2006, Guus Hidiink era o comandante e na África do Sul foi Pim Verbbek o treinador.
Van Gaal foi campeão de quase tudo pelo Bayern na atual temporada.
O mundo aprendeu o que era futebol holandês com Rinus Michels na Copa de 74.
Cruyff também foi treinador e com ele o Barcelona foi campeão da Liga dos Campeões de 92.
Com um estilo diferente e contrariando a imprensa local, Marwijk assumiu o comando e desenhou uma Holanda mais tática, mais rígida e cheia de surpresas.
O posicionamento dos volantes é um segredinho. De Jong faz o papel de proteger a defesa e de anular o principal adversário.
Van Bommel fecha o meio e sai com mais qualidade. Com a bola dominada, é Van Bommel que divide a responsabilidade com Sneijder.
O desenho tático pode ser apontado como um 4-2-1-3 ou 4-3-3 ou até um 4-2-1-2-1.
Van Persie é muitas vezes o homem mais adiantado. Robben e Kuyt têm sido eficientes na recomposição. O atacante do Arsenal também é um candidato a ceder espaço a Van der Vaart na final.
A saída de bola mais qualificada se dá pela esquerda, com Bronkhost e Bommel.
No entanto, a Holanda não é perfeita. O sincronismo entre os volantes e a dupla de zaga passa longe do ideal.
É até comum, durante as partidas, perceber bolas enfiadas pelo meio da defesa.
A defesa holandesa nunca foi um primor e é limitada tecnicamente. Se, em uma situação de jogo, Villa sair na velocidade contra os defensores holandeses, apenas Stekelemburg poderá evitar o gol.
Os zagueiros são lentos e os laterais também.
Outro problema se dá nos vestiários e corredores dos hotéis. Van Persie e Sneijder não são bons amigos. É verdade que até hoje a relação entre eles não representou nenhuma ameaça ao bom desempenho da equipe, mas na hora da pressão...

A Espanha


E a Espanha? A Fúria adotou um estilo e aposta tudo nele.
Del Bosque segue o que Aragonéz fez na Eurocopa. Valorização de posse de bola. Muito toque, muito giro, muita técnica.
Enquanto a Espanha está com a bola, os adversários correm atrás dela.
Um grande trunfo de Del Bosque está na qualidade técnica de seus jogadores.
Todos sabem jogar e sabem sair para o jogo.
Não são poucas as situações de ataque criadas pelo zagueiro Piqué.
A Espanha sai bem pelos lados com Sérgio Ramos e Capdevilla. Sérgio Ramos sai melhor e com maior frequência.
Busquets é o responsável pela proteção.
Mais adiantado e de cabeça sempre erguida, Xabi Alonso pode acelerar o jogo. Xabi dificilmente erra um passe. Em um time de toques curtos, precisos e rápidos, é ele que traz o inusitado da bola longa e da inversão das jogadas.
Xavi e Iniesta se conhecem há um bom tempo.
Eles abastecem Messi no Barcelona. Tocam e se deslocam com muita facilidade.
Os dois podem desgarrar do meio e podem chegar ao ataque.
É engano pensar que apenas Iniesta se adianta.
Xavi, se tiver espaço, será decisivo.
No ataque mora David Villa. Com muita facilidade para definir, Villa pode jogar pelos lados e centralizado.
Na campanha vitoriosa da Eurocopa, ele e Torres viviam ótimos momentos físicos e técnicos e os dois se completavam.
Torres podia fazer os lados e Villa centralizava. Villa podia voltar para buscar jogo, corria para a linha de fundo ou buscava as tabelas pela entrada da área.
Tudo era ensaiado e combinado com Aragonéz.
Entretanto, a mudança de comando técnico significou mudança de perfil e de relação treiandor/grupo.
Aragonéz era mais o homem do campo. Trabalhava conceitos e extraiu muito da qualidade técnica de cada atleta.
Del Bosque usa outros métodos. Sabe que o estilo é aquele e trata de aparar arestas de relacionamento. Trabalha muito o grupo e fortalece o ambiente.
E os erros da Espanha, onde estão?
O exagero no toque de bola já custou várias oportunidades reais de gol.
A Espanha algumas vezes esquece que o toque envolvente é a forma e não a função.
A péssima forma física e técnica de Niño Torres representa a falta de uma alternativa de jogo de ataque para David Villa.
Apenas Lloriente tem estilo pouco parecido com o estilo de Torres. Sem ele (Torres) o time retém a bola, mas finaliza menos que o normal, se ele estivesse em campo.

É bom lembrar que o título extermina um fantasma e faz o outro crescer ainda mais.
A Holanda convive com o fantasma de ter perdido dois títulos, quando praticava um futebol melhor que os campeões Alemanha e Argentina. O fantasma das derrotas aterroriza gerações e gerações da Laranja.
Os espanhóis lutam desesperadamente contra a fama de amarelões. Sempre chegam com boas campanhas e sempre fracassaram em Copas do Mundo. O fantasma de não conseguir definir ainda atormenta o país.
No próximo domingo um fantasma não será mais lembrado e o outro vai deixar muita gente sem dormir.

Um comentário:

Jeff Brothinho.... disse...

Marra kd vc meu Brother, to com saudades. Tenho te ligado e nao consigo falar contigo, vc mudou de numero? Me liga quando puder!!!!!

Abracos, Jeff....