sábado, 15 de janeiro de 2011

Domingo é dia Anfield lotado - Um pouco de Liverpool x Everton


Domingo é dia clássico na Premier League.
O Liverpool recebe o Everton e muita história entra em campo.
Recuperei um post de 2009 para tentar compor o cenário para o clássico do Rio Mersey.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Uma história recheada de rivalidade, gols, sangue e amizade


Domingo, pela décima quarta rodada do Inglês, entrarão em campo dois enormes rivais: Everton e Liverpool. A frase poderia ser diferente: domingo, pela décima quarta rodada do Inglês, entrarão em campo dois grandes irmãos: Everton e Liverpool. Talvez o leitor pense que uma coisa não bata com a outra e faz sentido tal dúvida, entretanto, a história de amor e rivalidade foi construída com muitos gols, gozações, cervejas, pubs e se solidificou com muito sangue e lágrimas.


A cidade de Liverpool, à beira do rio Mersey, é o berço de um primeiros times do que hoje é chamado de campeonato inglês, ou Premier League. O Everton, em 1878, foi um dos fundadores da Liga Inglesa e o time azul alugava um estádio que não tinha nome. O proprietário do imóvel decidiu que o aluguel seria aumentado e a decisão causou revolta em alguns conselheiros do clube, que decidiram pela construção de um novo estádio. No entanto, John Houlding, presidente do clube e proprietário de um pub próximo do estádio, sabendo que perderia muito nas vendas, decidiu criar um outro clube na cidade e continuar usando o estádio antigo. Decisão tomada, o que faltava agora é ter um time, dar nome a ele e ao estádio. O nome que já havia se tornado comum ouvir e falar pelo público era mais uma referência que um nome mesmo. O "Estádio perto da rua Anfield", assim nasceu o nome lendário Anfield Road.


Anfield Road, que fora o primeiro estádio do Everton, agora passara a ser o estádio do Everton Athletic. Everton Athletic? Sim! O primeiro nome do Liverpool foi Everton Athletic. Para montar o time o presidente e dono de pub John Houlding trouxe três jogadores do Everton e mais oito escoceses (por ter tantos escoceses o Everton Athletic recebeu o apelido de Macteam). Em 1892 nasceu, enfim, o Liverpool FC. O Red, naquela época, era Blue. O uniforme azul havia sido herdado do Everton.


Do outro lado do Stanley Park estava o Everton. Que demorou, mas construiu um estádio maior e a ele foi dado o nome de Goodson Park.


Os primeiros dias eram de rivalidade intensa e, por muitos anos, as brigas eram até comuns. No entanto, os times do Rio Mersey, os toffes e os reds, se uniram pela dor.


Com o passar do tempo o grande foi tornando-se menor e o menor ocupou o espaço do grande. O Everton , ganhador de nove ligas, assistia às conquistas dos reds que conquistaram 18 e mais cinco Liga dos Campeões.



Em uma final de Liga dos Campeões, entre Liverpool e Juventus, em 29 de maio de 1985, 39 pessoas morreram esmagados. O Liverpool foi derrotado e os torcedores acusados de promoverem a bagunça tiveram de aceitar a punição ao clube de coração, que por seis anos ficou sem disputar competições internacionais.


O pior ainda estava por vir. Em 15 de abril de 1989, pela semifinal da Copa da Liga, contra o Sheffield em Hillsborough, o mundo conheceu uma tragédia que culminou com a morte de 96 torcedores do Liverpool. Várias crianças morreram, entre elas esta Jon Jon, primo do craque e mestre Steven Gerrard.


A cidade sofreu e chorou unida. A torcida toffee e a torcida red se uniram para chorar o desastre de Hillsborough. É comum ouvir a afirmação que em várias casas, toffees ou reds, algum amigo ou parente morreu naquele dia. Hoje em dia, todo 15 de abril, é sofrido em conjunto. Faixas e bandeiras azuis e vermelhas se unem e as torcidas cantam e lamentam juntas.


Depois do sangue de 15 de abril de 1989, as torcidas começaram a escrever uma nova página na rivalidade. Se as cores e a história impediam a união, torcedores se uniram pela dor pelo choro. Para a cidade da beira do rio Mersey a rivalidade passou a se limitar aos gritos e cantos do Goodson Park e de Anfield.

Um comentário:

Aurélio disse...

Bacana a história. Lendo essa história, fico me perguntando quantos torcedores precisam morrer aqui em Minas pra que as pessoas se sensibilizem? Inaceitável a história do Chevrolet Hall, do torcedor que morreu baleado no ponto de ônibus e do garoto que morreu espancado na estação do metrô.