Vários pontos de interrogação insistem em pedir espaço no Estadual em Minas. Aquelas dúvidas que inquietam torcedores, que tiram sono ao perceberem seus times em campo são respondidas pela tabela a cada jogo. Outras dúvidas, imperceptíveis a alguns olhos e gritantes a outros, somente serão respondidas com desdém e arrogância.
A Federação Mineira de Futebol
Depois de escândalos, CPIs e baixarias a Federação Mineira de Futebol trocou de mãos. O mais normal seria ter uma certa paciência, já que o presidente que assumiu garantia estar por fora de tudo o que ocorria (mesmo sendo vice na gestão anterior). Paciência pedida e paciência concedida. Entretanto, a sucessão de erros evidenciou a falta de zelo e de limites. Um dos muitos pontos altos na relação de escândalos da Federação se deu no dia do aniversário de 101 anos do Atlético, time que sempre questionou com veemência a direção da FMF e time de coração do presidente, que é conselheiro alvinegro. A noite de 25 de março de 2009 foi marcada pelo arrombamento do cofre da Federação. Um vigia foi espancado e os criminosos levaram cerca de R$ 1 milhão. Obviamente um imenso ponto de interrogação tomou conta de todos. Por que o cofre da Federação guardava tanto dinheiro? A resposta conseguiu ser a pior possível. O presidente da Federação, Paulo Schettino – ex-delegado de polícia – revelou que guardava o dinheiro no cofre já que não poderia depositar em uma banco e correr o risco de sofrer um bloqueio eletrônico em razão de uma dívida com o INSS. A credibilidade da Federação escorreu pelos dedos.
Arbitragem em Minas
A comissão de arbitragem também foi alvo de inúmeros questionamentos. Lincoln Afonso Bicalho, ex-árbitro falecido recentemente, foi acusado pela direção do Atlético de armar resultados contra Atlético e América. Lincoln se afastou já com a saúde bastante debilitada e o professor de futebol da UFMG, Jurandy Gama Filho assumiu o comando da arbitragem mineira. O presidente do Cruzeiro tratou de pontuar que Jurandy era ligado ao Atlético.
O discurso do novo responsável pela arbitragem parecia ser inovador. Até de profissionalismo foi falado. O fascínio dos holofotes e microfones deixava escapar outros pontos do projeto de Jurandy. Seria dada uma maior ênfase ao trabalho físico. Os árbitros seriam avaliados com mais rigor e até um patrocínio seria tentado para investir na formação de novos árbitros e reciclagem do quadro atual. O ano passou e 2010 chegou com novos projetos, que levados à luz de duas ou três perguntas, evidenciavam mais despreparo que o esperado. Um projeto que poderia ser bom é o de concentrar os árbitros antes dos jogos. Entretanto, a falta de recursos fez transparecer a predileção pelos times da capital e a comissão se viu obrigada a esclarecer que os árbitros se concentrariam em hotéis apenas para os jogos de Atlético e Cruzeiro. O papo de profissionalismo chegou a encantar alguns, no entanto, a falta de argumentos concretos tratou de converter os sorrisos dos árbitros em desconfiança.
Bola rolando, árbitros expostos, paixões em alta e críticas e mais críticas. A comissão de arbitragem criou um balcão de reclamações. Os times que sentiam prejudicados reclamavam no balcão de segunda à noite. Os erros só aumentavam.
Ricardo Marques e André Luiz Martins
Assim que terminou a fase de classificação o único árbitro FIFA de Minas surpreendeu a todos e pediu licença até 12 de abril. Os motivos são até nobres: Ricardo é aluno de Direito e ele sentiu que deveria priorizar momentaneamente o curso. A escala dos árbitros saiu e Ricardo não apareceu em nenhum jogo. A surpresa aumentou e os pontos de interrogação voltavam vazios. André Luiz Martins Dias Lopes, árbitro jovem e revelação de 2009, também pediu licença. A diferença é que André teria até se exaltado com os responsáveis pela arbitragem em Minas e Ricardo, mais calado, preferiu manter distância e frieza. Toda a paciência que a comissão pediu visando proteger os jovens árbitros cai por terra quando o árbitro experiente rompe com a Federação.
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As perguntas saem naturalmente e as respostas são padronizadas. Quando o assunto é a licença de Ricardo Marques a resposta não se sustenta a dois ou três segundos de atenção. Que Ricardo queira se dedicar ao estudo, tudo bem. Entretanto, Ricardo Marques é um jovem de 30 anos, árbitro FIFA, apitou a final da Copa do Brasil, pode ser escalado para qualquer jogo da Libertadores – a pergunta que não encontra respostas é simples: ele está investindo mais na carreira de “aluno” e deixando de lado a realidade como apitador? Se Ricardo quer tanto investir no estudo, é possível entender os motivos que o levaram a apitar dez jogos dos onze disputados na fase classificação e pedir para sair na hora das partidas eliminatórias? Por que Ricardo não se ausentou antes? E por quais motivos o jovem André Luiz Martins Dias Lopes, que apitou a primeira partida das quartas de final entre Ipatinga e Tupi, pediu licença também? A resposta ensaiada é de que André é um economista de uma grande empresa e que os compromissos profissionais exigiam mais dele. Ora! E os compromissos não exigiam antes? Ele já não era economista antes e mesmo assim não preferiu investir na arbitragem? E os sorteios? Alguém, além da batida que a TV Globo deu no penúltimo sorteio, tem acompanhado a retirada das bolinhas com os nomes dos árbitros para cada jogo? Por que a Federação sorteou os árbitros que trabalharão na primeira rodada da semifinal antes dos últimos jogos das quartas de final? E o cofre? E a dívida como INSS? É aceitável dar festa de abertura de campeonato e ter dívida com o INSS? E o patrocínio da arbitragem? Com a verba recebida não seria possível investir na tal concentração para todos os jogos? Não seria aconselhável destinar recursos para o aperfeiçoamento dos árbitros afastados? Qual a verba investida na formação de novos árbitros? Qual o valor do patrocínio? É mesmo R$ 300 mil?
São apenas perguntas que merecem respostas menos óbvias e mais elaboradas
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