quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Uma história recheada de rivalidade, gols, sangue e harmonia


Domingo, pela décima quarta rodada do Inglês, entrarão em campo dois enormes rivais: Everton e Liverpool. A frase poderia ser diferente: domingo, pela décima quarta rodada do Inglês, entrarão em campo dois grandes irmãos: Everton e Liverpool. Talvez o leitor pense que uma coisa não bata com a outra e faz sentido tal dúvida, entretanto, a história de amor e rivalidade foi construída com muitos gols, gozações, cervejas, pubs e se solidificou com muito sangue e lágrimas.

A cidade de Liverpool, à beira do rio Mersey, é o berço de um primeiros times do que hoje é chamado de campeonato inglês, ou Premier League. O Everton, em 1878, foi um dos fundadores da Liga Inglesa e o time azul alugava um estádio que não tinha nome. O proprietário do imóvel decidiu que o aluguel seria aumentado e a decisão causou revolta em alguns conselheiros do clube, que decidiram pela construção de um novo estádio. No entanto, John Houlding, presidente do clube e proprietário de um pub próximo ao estádio, sabendo que perderia muito nas vendas, decidiu criar um outro clube na cidade e continuar usando o estádio antigo. Decisão tomada. O que faltava agora é ter um time, dar nome a ele e assumir como nome do estádio o nome que já havia se tornado comum ouvir e falar pelo público o estádio perto da rua Anfield, assim nasceu o nome lendário Anfield Road.

Anfield Road, que fora o primeiro estádio do Everton, agora passara a ser o estádio do Everton Athletic. Everton Athletic? Sim! O primeiro nome do Liverpool foi Everton Athletic. Para montar o time o presidente e dono de pub John Houlding trouxe três jogadores do Everton e mais oito escoceses (por ter tantos escoceses o Everton Athletic recebeu o apelido de macteam). Em 1892 nasceu, enfim, o Liverpool FC. O red, naquela época, era blue. O uniforme azul havia sido herdado do Everton.

Do outro lado do Stanley Park estava o Everton. Que demorou, mas construiu um estádio maior e a ele foi dado o nome de Goodson Park.

Os primeiros dias eram de rivalidade intensa e, por muitos anos, as brigas eram até comuns. No entanto, os times do Rio Mersey, os toffes e os reds, se uniram pela dor.

Com o passar do tempo o grande foi tornando-se menor e o menor ocupou o espaço do grande. O Everton , ganhador de nove ligas, assistia às conquistas dos reds que conquistaram 18 e mais cinco Liga dos Campeões.
Foto: Celebração de aniversário do "Hillsborough disaster". Fonte: LiverpoolFc


Em uma final de Liga dos Campeões, entre Liverpool e Juventus, em 29 de maio de 1985, 39 pessoas morreram esmagados. O Liverpool foi derrotado e os torcedores acusados de promoverem a bagunça tiveram que aceitar a punição ao clube de coração, que por seis anos ficou sem disputar competições internacionais.

O pior ainda estava por vir. Em 15 de abril de 1989, pela semifinal da Copa da Liga, contra o Sheffield em Hillsborough, o mundo conheceu uma tragédia que culminou com a morte de 96 torcedores do Liverpool. Várias crianças morreram, entre elas esta Jon Jon, primo do craque e mestre Steven Gerrard.

A cidade sofreu e chorou unida. A torcida toffee e a torcida red se uniram para chorar o desastre de Hillsborough. É comum ouvir a afirmação que em cada casa, toffee ou red, algum amigo ou parente morreu naquele dia. Hoje em dia, todo 15 de abril, é sofrido em conjunto. Faixas e bandeiras azuis e vermelhas se unem e as torcidas cantam e lamentam juntas.

Depois do sangue de 15 de abril de 1989 as torcidas se tornaram exemplo para todo o mundo esportivo. Juntos, toffees e reds lotam os pubs para torcerem um pelo outro. Para a cidade da beira do rio Mersey a rivalidade só existe em campo.

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