segunda-feira, 22 de março de 2010

Recordando a história de uma Pulga

Publiquei a coluna abaixo em dezembro de 2009, no jornal O TEMPO.
De lá para cá Messi só melhora, então repito aqui no blog.

“Messi e Marta são exemplos claros de que é possível ser reconhecido pelo talento, ainda que as dificuldades tenham sido grandes”



A pulga venceu

Lionel Messi era apenas um rapaz latino-americano. Pior, ele seria apenas um minúsculo rapaz latino-americano. O talento com a bola mudou a história de vida dele.
Muito simplista constatar as qualidades dele como um astro do futebol. Melhor tentar compreender quais caminhos o futebol transformou.
O muito pequeno rapaz argentino de 14 anos convivia com problemas nos hormônios de crescimento e passava a enfrentar outros desafios. A família não poderia mais pagar o tratamento. Lá, como cá, o sofrimento de nossos filhos é deixado de lado pelas autoridades e o governo não poderia bancar o tratamento.
Poderíamos aqui começar um discurso de protesto... não começaremos! Quem não faria de tudo para aliviar o sofrimento de um jovem talentoso condenado a parar de crescer, e, conseqüentemente, parar de brilhar como um promissor jogador de futebol.
A família dele deu ouvidos aos empresários do Barcelona. As promessas eram muitas e a maior delas era a de que a pequena Pulga - apelido de infância por causa do tamanho - teria o tratamento adequado custeado pelo clube.
A família, então, passou a ajudar a escrever uma página de muito talento no futebol mundial.
Reconhecimento. Messi cresceu e cada centímetro dele vale ouro. O talento cresce a cada dia e a legião de admiradores também. No jogo pelas eliminatórias da Copa do Mundo, no Mineirão, a torcida brasileira prestou uma inesperada homenagem. Quando o pequeno Pulga saiu de campo o que se viu foi uma rivalidade histórica dar lugar aos aplausos e gritos de ‘Messi, Messi’.

Habilidade. Poucos jogadores no futebol mundial têm a mesma intimidade com a bola que Messi mostra ter. Ele brinca com a redonda. Ela aceita o seu chamado. Lionel Messi tem uma jogada fatal. Ele, canhoto de tudo, pega a bola pela direita, e, conduzindo com a perna esquerda, faz uma avançada na diagonal até ser bloqueado com falta, ou, até o gol.

Prêmio. A Fifa acabou de conceder o prêmio de melhor do mundo. Poucos dias antes, a pequena pulga havia batido o Estudiantes e foi campeão com o Barça. Todo o esforço dele, dos pais e do clube não foi em vão. A craque Marta conquistou o tetra. Valeria até um jogo de exibição com os dois canhotos no mesmo time.

Lição. A história de Messi e de sua família poderia servir de exemplo para muitas famílias que acreditam que nada vai mudar, que ninguém pode ajudar, que não é possível arriscar. Messi e Marta são exemplos claros de que é possível ser reconhecido pelo talento, ainda que com dificuldades.

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