quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Adiantando a coluna de O TEMPO

A pulga venceu

Lionel Messi era apenas um rapaz latino-americano. Pior, ele seria apenas um minúsculo rapaz latino-americano. O talento com a bola mudou a história de vida dele. É muito simplista constatar as qualidades dele como um astro do futebol. Melhor é tentar compreender quais caminhos o futebol transformou. O muito pequeno rapaz argentino de 14 anos convivia com problemas nos hormônios de crescimento e passava a enfrentar outros desafios. A família não poderia mais pagar o tratamento. Lá, como cá, o sofrimento de nossos filhos é deixado de lado pelas autoridades e o governo não poderia bancar o tratamento. Poderíamos aqui começar um discurso de protesto...não começaremos! Quem não faria de tudo para aliviar o sofrimento de um jovem talentoso condenado a parar de crescer , e, conseqüentemente, parar de brilhar como um promissor jogador de futebol. A família dele deu ouvidos aos empresários do Barcelona. As promessas eram muitas e a maior delas era a de que a pequena Pulga - apelido de infância por causa do tamanho- teria o tratamento adequado custeado pelo clube. A família, então, passou a ajudar a escrever uma página de muito talento no futebol mundial.

Reconhecimento- Messi cresceu e cada centímetro dele vale ouro. O talento cresce a cada dia e a legião de admiradores também. No jogo pelas eliminatórias da Copa do Mundo, no Mineirão, a torcida brasileira prestou uma inesperada homenagem. Quando o pequeno Pulga saiu de campo o que se viu foi uma rivalidade histórica dar lugar aos aplausos e gritos de “Messi, Messi”.

Habilidade- Poucos jogadores no futebol mundial têm a mesma intimidade com a bola que Messi mostra ter. Ele brinca com a redonda. Ela aceita o seu chamado. Lionel Messi tem uma jogada fatal. Ele, canhoto de tudo, pega a bola pela direita, e, conduzindo com a perna esquerda, faz uma avançada na diagonal até ser bloqueado com falta, ou, até o gol.

Prêmio- A FIFA acabou de conceder o prêmio de melhor do mundo. Poucos dias antes, a pequena pulga havia batido o Estudiantes e foi campeão com o Barça. Todo o esforço dele, dos pais e do clube não foi em vão. A craque Marta conquistou o tetra e exibe muito talento também. Valeria até um jogo de exibição com os dois canhotos no mesmo time.

Lição- Em uma data tão especial, a história de Leonel Messi e de sua família poderia servir de exemplo para muitas famílias que acreditam que nada vai mudar, que ninguém pode ajudar, que não é possível arriscar. Messi e Marta são duas demonstrações claras de que é possível ser reconhecido pelo talento, ainda que as dificuldades tenham sido grandes. Feliz Natal!

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